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ANP|WWF ALERTA: PRECISAMOS DE PAISAGENS RESISTENTES AO FOGO

São hoje apresentadas as principais conclusões do relatório ibérico sobre incêndios rurais, elaborado pela ANP|WWF e a WWF Espanha. Para as organizações, é urgente repensar a paisagem florestal, transformando-a num mosaico corta-fogo, reduzindo os impactos dos incêndios do futuro.

Sob o nome de “Paisagens Corta-fogos”, a ANP|WWF e a WWF Espanha apresentaram hoje o seu relatório anual sobre incêndios rurais na Península Ibérica, com o objetivo de alertar para a urgência de transformar a paisagem atual num mosaico corta-fogo, capaz de travar incêndios florestais muito antes dos seus impactos se tornarem catastróficos. Esta importante e urgente transformação no ordenamento do território e na sua valorização reduziria significativamente o impacto dos incêndios que, atualmente, ultrapassam os 18.000 sinistros ao ano, em Portugal. Ambas as ONGs pedem aos respetivos governos uma estratégia abrangente e concertada de gestão de incêndios rurais, que invista na prevenção social e que coloque a gestão do território em primeiro plano, pedindo também a empresas e cidadãos que assumam a sua corresponsabilidade na criação de paisagens resistentes ao fogo.

Segundo Rui Barreira, Coordenador de Florestas, Alimentação e Vida Selvagem da ANP|WWF e co-redator do relatório, “a recuperação de uma área ardida pode funcionar como uma excelente oportunidade para repensar e redesenhar a paisagem, adaptando o território ibérico aos incêndios. É urgente que as administrações se foquem no planeamento e gestão da paisagem, mas também que a sociedade civil e as empresas assumam a sua corresponsabilidade e compreendam que a sua segurança depende de todos, sendo necessário garantir mais recursos financeiros e humanos para promover a mudança”.

As organizações recordam que em todo o arco mediterrâneo a probabilidade de incêndios de alta intensidade, simultâneos e impossíveis de apagar, está a aumentar. Este novo cenário de incêndios extremos põe em evidência uma maior exigência social com vista à implementação de uma política de prevenção ambiciosa que coloque a gestão do território em primeiro plano: passar de um modelo que dá prioridade aos investimentos em dispositivos avançados de extinção e ignora os efeitos do aquecimento global e da acumulação de combustíveis, para um modelo empenhado em promover paisagens resilientes, vivas, rentáveis e menos inflamáveis.
Dentro da fatalidade que um incêndio pressupõe, surge a oportunidade para recuperar a paisagem de forma estratégica e planeada, tendo por base uma melhor gestão do território e a criação de paisagens resistentes.

No relatório “Paisagens Corta-fogos”, as organizações apresentam sugestões sobre como transformar o território para o tornar menos inflamável e evitar os enormes impactos dos incêndios rurais. A chave é recuperar a paisagem em mosaico, de forma a que um tecido agroflorestal produtivo se alie à conservação da biodiversidade e ao combate às alterações climáticas. Os incêndios já não representam apenas danos ao património ambiental, representando também um grave risco para a vida das pessoas, um encargo para os cofres públicos e uma ameaça aos meios de subsistência de muitas pessoas, deixando milhares de evacuados e danos materiais incalculáveis.

Na sequência deste relatório, as organizações destacam várias aprendizagens que confirmam a necessidade de adaptação da paisagem. Os incêndios são um problema social e, ao contrário de outros desastres, apresentam uma estreita ligação com a ação humana (95% respondem a causas humanas). Estatísticas indicam que ardem sempre as mesmas áreas e, se a mesma tendência de inação continuar, voltarão a arder com recorrência entre 10 e 20 anos e isto porque, juntamente com episódios de clima extremo, o grande gatilho para o incêndio é a paisagem.

O estudo também descreve a paisagem ibérica como um “cluster de problemas”. O despovoamento rural e o consequente abandono dos usos tradicionais, somado ao aumento da área florestal com pouca gestão, com florestas à deriva - devido a alterações climáticas cada vez mais notáveis - e casas sem medidas de autoproteção são os ingredientes perfeitos para que os desastres irrompam a cada ano.

Para acabar com esse acumular de problemas, já estão em marcha várias iniciativas pioneiras e inspiradoras, tanto em Portugal como em Espanha, que podem ser conhecidas no relatório. No caso de Portugal, destaca-se o caso de estudo Alvares, que sofreu dois incêndios extremos em 2017 (Pedrógão Grande e Góis), onde foram queimados mais de 50.000 hectares. O projeto Alvares representa uma oportunidade para criar um modelo de desenvolvimento territorial e aumentar o investimento em áreas do interior do país fortemente afetadas pelos incêndios florestais e com a sua população muito envelhecida.

Por fim, a ANP|WWF lembra que o fogo é um processo natural que continuará a ocorrer e, portanto, o desafio é saber como transformar e adaptar a paisagem para melhor mitigar os efeitos do fogo aos vários níveis - ambiental, social e económico.

Pode explorar o relatório completo em português aqui e também os relatórios anteriores de 2020 e 2019

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