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PORTUGAL CONTINUA A CONSUMIR MAIS ÁGUA DO QUE DEVE, PONDO EM RISCO A ADAPTAÇÃO DO PAÍS ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

No Dia Nacional da Água, a organização não-governamental de conservação lança o relatório “Vulnerabilidade de Portugal à Seca e Escassez”, onde reforça que os ecossistemas aquáticos saudáveis são os nossos melhores aliados para enfrentar os desafios de um futuro mais quente e seco, devendo a sua preservação passar a ser uma prioridade na adaptação a esta nova realidade

Portugal continua a consumir mais água do que devia, resultando em crescentes situações estruturais de escassez, em particular no sul do país, um cenário que poderá ser agravado pelas alterações climáticas. A organização de conservação da natureza defende uma mudança de atuação de uma gestão reativa e de emergência face a situações de seca para uma gestão preventiva, focando as suas recomendações aos diferentes atores na redução dos consumos e no aumento da eficiência no uso da água. Aos governantes, a ONG recorda ainda que conservar e reabilitar ecossistemas aquáticos saudáveis é a primeira arma de defesa contra os impactos das alterações climáticas.
 
Para Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, “as estimativas de impactos das alterações climáticas[1] apresentam um quadro desafiante para as águas e políticas das águas europeias. Iremos observar fenómenos climáticos extremos cada vez mais frequentes, acompanhados de uma possível redução de precipitação, e num clima mediterrânico como o de Portugal isso poderá ter efeitos catastróficos”.
 
Afonso do Ó, especialista em Água e Alimentação na mesma ONG, reforça que “nas próximas décadas, ter ecossistemas aquáticos saudáveis ​​não será apenas uma ação prioritária para mitigar e adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Estes ecossistemas serão os nossos melhores aliados para enfrentar os desafios de um futuro mais quente e seco”.
 
O lançamento deste relatório é feito no mesmo dia em que é emitida uma posição conjunta com a WWF Espanha sobre a realidade dos dois países, que partilham muitos dos problemas estruturais de água e a influência do mesmo tipo de clima. Ambas as organizações pedem aos respetivos órgãos de governação a adoção de uma gestão preventiva das secas, em detrimento da atual gestão reativa baseada em medidas urgentes e isenções excecionais, a par com mais e melhores medidas de monitorização e uma adaptação da procura aos recursos efetivamente disponíveis. As ONG’s reforçam ainda a necessidade de apoiar uma cultura de poupança e uso eficiente da água, que se estende a todos os utilizadores.
 
No documento de posição lançado em maio deste ano, a ANP|WWF referia que Portugal encontra-se parcialmente em situação de seca, fruto de uma sequência de anos pouco chuvosos e cujos efeitos são agravados pelas alterações climáticas. A água é cada vez menos suficiente para satisfazer as necessidades crescentes do país, sendo por isso necessário que sejam tomadas medidas preventivas para lidar com estas situações estruturais de escassez, em vez de serem permanentemente acionadas medidas reativas face à limitação dos recursos.

Atualmente, em Portugal, a situação de seca é mais grave no sul – Alentejo e Algarve – com impactos significativos ao nível da perda de rendimentos nas colheitas de outono/inverno e pastagens, e dificuldades na alimentação de gado. Algumas das medidas já tomadas para mitigar os efeitos da seca também têm impactos económicos.
 
“Há muito que podemos fazer para estarmos melhor preparados para um futuro mais quente e seco. Os gestores e autoridades de recursos hídricos em Portugal devem implementar todos os recursos e medidas necessários para garantir a conformidade com os requisitos da Diretiva-Quadro da Água. Garantir a boa qualidade dos rios, zonas húmidas e aquíferos significa que um regime de fluxo ecológico adequado é totalmente implementado, como uma ferramenta para preservar o funcionamento saudável dos ecossistemas aquáticos, o que permite a prestação de todos os serviços dos quais beneficiamos e que são habitat de uma rica biodiversidade altamente ameaçada (por exemplo, peixes de água doce)”, comenta Afonso do Ó, que reforça que “as autoridades hídricas devem deixar de financiar novos regadios em zonas de escassez, e globalmente sempre que não garantam sistemas de uso eficiente e frugal da água, bem como continuar a melhorar a monitorização da água, para permitir uma melhor prevenção dos impactos da seca com base na tomada de decisões informada.”
 
O relatório conclui que é fundamental que os Governos ajustem a procura de água aos recursos disponíveis nas bacias, tanto de rios, albufeiras e aquíferos, de acordo com a suposição de um determinado nível de risco de abastecimento de água / seca. Esta ação deve ser planeada para estarmos preparados para a próxima seca. Só assim teremos ecossistemas aquáticos saudáveis e estaremos mais aptos a enfrentar um futuro mais quente e seco.

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