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ANPlWWF VAI REMOVER BARREIRA FLUVIAL OBSOLETA NO ALENTEJO

Esta remoção permite restaurar a conectividade fluvial da Ribeira de Oeiras, bem como promover a conservação de mexilhões de água doce e de outras espécies ameaçadas.

A ANP|WWF vai iniciar, em 2025, a remoção do açude Horta do Fialho, localizado na Ribeira de Oeiras - que nasce na Serra do Caldeirão e desagua no Guadiana (Mértola) - , um açude que já não cumpre a função para a qual foi construído e que, aos dias de hoje, está apenas a obstruir o curso natural da ribeira. Esta remoção irá realizar-se com o apoio do programa European Open Rivers Programme, uma organização que atribui fundos dedicados à remoção de barreiras obsoletas em rios europeus, com vista ao seu restauro.
 
A remoção deste açude vai permitir restaurar a conectividade fluvial da Ribeira de Oeiras, recuperando 2,34 km desta ribeira e melhorando o seu estado ecológico. Vai ainda contribuir para melhorar não só a vegetação ripícola na área de intervenção, mas também o habitat para peixes nativos e espécies de mexilhões ameaçadas. Na Ribeira de Oeiras habitam várias espécies autóctones e ameaçadas de extinção, das quais se destacam o mexilhão-de-rio-do-sul (Unio tumidiformis), cujos peixes hospedeiros estão restritos unicamente às espécies do género Squalius, ou a enguia europeia (Anguilla anguilla). Esta sub-bacia do rio Guadiana é também habitat de mamíferos emblemáticos, como o lince ibérico (Lynx pardinus) e a lontra (Lutra lutra). Esta ação de restauro pode ainda criar condições para o regresso de outros peixes ameaçados anteriormente encontrados na ribeira, como por exemplo o caboz-de-água-doce (Salariopsis fluviatilis) ou a lampreia marinha (Petromyzon marinus). Este projeto inclui a monitorização das comunidades de peixes e mexilhões de água doce, bem como a qualidade da água, o que permite avaliar a abundância de biodiversidade antes e após a remoção.
 
Este projeto de restauro constitui mais uma oportunidade de trabalhar em estreita colaboração com as autoridades locais e com as comunidades, incluindo os proprietários dos terrenos onde a barreira está inserida, que podem assim contribuir para mitigar os impactos ambientais da mesma.
 
Esta remoção vem abrir caminho para o restauro total da conectividade da ribeira de Oeiras (143,3 km) - a ANP|WWF está a estudar nove barreiras identificadas na Ribeira com o intuito de libertar todo o seu curso, contribuindo para melhorar o seu estado ecológico e promover a conservação da biodiversidade.
 
Esta é a terceira vez que a ANP|WWF ganha um financiamento do European Open Rivers Programme para remover uma barreira fluvial obsoleta e estudar outras para futuras remoções, seguindo a estratégia para a Biodiversidade 2030 e a nova Lei do Restauro da Natureza que obriga os estados membros da UE a libertar pelo menos 25.000 km de rios em toda a Europa, cabendo a Portugal libertar cerca de 600 km de rios.
© ANP|WWF
ribeira oeiras

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