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RELATÓRIO DA WWF REVELA DECLÍNIO NA VIDA SELVAGEM, REFORÇANDO NECESSIDADE DE UM NOVO ACORDO PARA A NATUREZA E AS PESSOAS

Em Portugal, a retoma económica levou a um aumento da pegada ecológica nacional, sendo necessários 2,52 planetas para suprir o nosso consumo. A ANP|WWF pede ação urgente e um Novo Acordo para a Natureza e as Pessoas.

De acordo com a edição de 2020 do Relatório Planeta Vivo da WWF, que é lançado hoje pela organização de conservação global, as populações globais de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes sofreram um declínio de 68% em menos de 50 anos em consequência da destruição da natureza que está também na base do aparecimento de zoonoses como a COVID-19.
 
Em Portugal, e de acordo com os dados da ANP|WWF, a retoma económica no pós troika e o aumento do turismo têm levado a um crescimento do consumo com consequências graves para a pegada ecológica média dos portugueses, que agora necessitam do equivalente a 2,52 planetas ao ano para dar resposta às suas necessidades, por oposição aos 2,23 planetas referidos no relatório de 2018, excedendo largamente a biocapacidade do nosso país. Os dados apresentados hoje suportam o pedido global que a WWF e outras ONGs têm feito para que se implemente um Novo Acordo para a Natureza e as Pessoas, a chave para a sobrevivência a longo prazo da vida selvagem, incluindo das populações de plantas e insetos e de toda a natureza, e de toda a humanidade.
 
“Não podemos ignorar as evidências - o declínio grave da vida selvagem é um indicador de que a natureza está a desaparecer com graves consequência para a saúde humana. O nosso planeta está a enviar-nos a todos sinais de alerta”, afirma Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, acrescentando que “no meio de uma pandemia global, é mais importante que nunca iniciar uma ação global coordenada e sem precedentes para até 2030 haver zero perda de habitats, zero extinção de espécies e populações de vida selvagem em todo o mundo, e reduzir para metade a nossa pegada ecológica. A nossa própria sobrevivência cada vez depende mais disso, de termos um Novo Acordo pela Natureza e as Pessoas.”
 
O Relatório Planeta Vivo 2020 apresenta uma visão geral e abrangente do estado do mundo natural através do Índice Planeta Vivo, que rastreia as tendências na abundância global de vida selvagem, juntando contribuições de mais de 125 especialistas de todo o mundo. O relatório mostra que a principal causa do declínio dramático das populações de espécies no planeta observado no Índice Planeta Vivo é a perda e degradação do habitat, incluindo a desflorestação e a alteração de usos da terra, impulsionada pela forma como nós, humanos, produzimos e consumimos alimentos.
 
As espécies ameaçadas de extinção, analisadas pelo Índice Planeta Vivo, incluem o gorila da planície oriental, cujo número no Parque Nacional Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo, viu um declínio de 87% entre 1994 e 2015, principalmente devido à caça ilegal. Inclui também o papagaio cinza africano, no sudoeste do Gana, cujo número caiu 99% entre 1992 e 2014 devido às ameaças representadas pelo comércio de aves selvagens e perda de habitat.
 
O Índice, que rastreou quase 21.000 populações de mais de 4.000 espécies de vertebrados entre 1970 e 2016, mostra também que as populações de espécies de água doce sofreram um declínio de 84% - um declínio populacional mais acentuado do que em qualquer outro bioma, equivalente a 4% por ano desde 1970. Um exemplo é a população reprodutora de esturjão chinês no rio Yangtze, na China, que diminuiu 97% entre 1982 e 2015 devido ao bloqueio do canal.
 
O Relatório Planeta Vivo 2020 inclui também um modelo pioneiro que mostra que, sem mais esforços para neutralizar a perda e degradação de habitat, a biodiversidade global continuará a sofrer um declínio. Com base num artigo, ‘Bending the curve of terrestrial biodiversity needs an integrated strategy’, com coautoria da WWF e mais de 40 ONGs e instituições académicas, e publicado hoje na Nature, o modelo deixa claro que estabilizar e reverter a perda da natureza causada pela destruição de habitats naturais pelos humanos, só será possível se esforços de conservação mais ousados ​​e ambiciosos forem adotados e mudanças transformacionais feitas na forma como produzimos e consumimos. Essas mudanças incluem tornar a produção e o comércio alimentar mais eficientes e ecologicamente sustentáveis, reduzindo o desperdício e favorecendo dietas mais saudáveis ​​e ecológicas.
 
A pesquisa mostra que implementar estas medidas em conjunto, e não isoladamente, permitirá que o planeta alivie mais rapidamente as pressões sobre os habitats naturais, revertendo assim as tendências de perda de biodiversidade e de habitat décadas antes das estratégias que permitem perdas de habitat e, em seguida, tentam revertê-las. O modelo indica também que, se o mundo continuar no seu “business as usual”, as taxas de perda de biodiversidade observadas desde 1970 continuarão a ser observadas nos próximos anos.
 
O Relatório Planeta Vivo 2020 é lançado uma semana antes da 75ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde se espera que os líderes mundiais revejam o progresso feito nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, no Acordo de Paris e na Convenção da Diversidade Biológica (CDB). A Assembleia reunirá líderes mundiais, empresas e a sociedade civil para desenvolver o quadro de ação pós-2020 para a biodiversidade global, sendo por isso um momento chave para estabelecer as bases para um Novo Acordo para a Natureza e as Pessoas, urgentemente necessário.
  
Os apoiantes deste novo acordo são convidados a adicionar os seus nomes à petição da WWF, que pode ser encontrada em: panda.org/pandemics e ajudar a pedir aos líderes mundiais que implementem políticas e planos de ação “One Health” que garantem que estão a fazer de tudo para nos proteger de futuras pandemias. Saiba mais sobre o Relatório Planeta Vivo e o Novo Acordo para a Natureza e as Pessoas em https://livingplanet.panda.org/pt-pt/

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